Hoje, no dia 28 de junho, comemoramos o Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, uma data de extrema importância para celebrar e reconhecer a diversidade e lutar pelos direitos da comunidade. Essa data tem um significado especial na história do movimento devido à Rebelião de Stonewall, que ocorreu em 1969, no bar The Stonewall Inn, em Nova York.
Naquela época, a comunidade LGBTQIAPN+ enfrentava uma realidade de opressão, discriminação e perseguição. Em uma ação policial desrespeitosa e violenta, homossexuais que estavam no local foram alvos de agressões e prisões arbitrárias. No entanto, ao invés de se renderem, eles se rebelaram e se levantaram contra a injustiça.
A Rebelião de Stonewall marcou um momento de resistência e protesto, dando início ao movimento do orgulho gay e à luta pelos direitos LGBTQIAPN+. Esse evento catalisou uma série de manifestações e ativismos em prol da igualdade, dignidade e respeito para todas as pessoas, independentemente de sua orientação sexual e identidade de gênero.
Desde então, o Dia do Orgulho LGBTQIAPN+ é celebrado anualmente em todo o mundo, com paradas coloridas, manifestações, eventos culturais e debates que visam promover a aceitação, o respeito e a inclusão da diversidade sexual e de gênero em todas as esferas da sociedade.
Vivências LGBTQIAPN+
Jonathas Henrique, de 27 anos, assumidamente gay, fala sobre o processo de aceitação e de finalmente poder assumir sua sexualidade:
Acredito que o primeiro passo é você se aceitar do jeito que você é, por muito tempo lutei contra meus sentimentos por acreditar que era algo errado. Somente a partir do momento que pude me aceitar, consegui falar abertamente para meus pais sobre a minha sexualidade.
Com relação à minha mãe, foi bem tranquilo, pois, na verdade, eu nem precisei falar de fato. Ela apenas me acolheu e me disse para ser feliz, independentemente de qualquer coisa. Meu pai, para minha surpresa, da mesma forma. Minha família como um todo nada mudou. Todos sabem e me respeitam.
Sei que essa não é a realidade da maioria das pessoas LGBTQIAPN+, porém espero que um dia possamos ter a verdadeira liberdade de sermos quem somos sem precisar dar explicação alguma.
Lara Araújo, tem 25 anos, é mãe e uma mulher Pansexual que fala sobre a relação da maternidade e da sua sexualidade, educação e respeito dentro de casa.
Falando um pouco sobre a minha sexualidade, eu acho que nunca tive muita dificuldade assim de aceitar o que eu realmente sentia. Eu sou panssexual, mas sempre soube desde pequena. Sempre foi algo natural para mim.
Então, foi muito tranquilo me aceitar e me transparecer para outras pessoas. Sempre fui sincera em relação a isso. E até que eu me tornei mãe, quando meu filho era pequeno, ainda tive um relacionamento com uma mulher que durou uns três anos, mas sempre foi algo muito natural dentro da nossa rotina.
Creio que meu filho sempre entendeu e respeitou a diferença e que não existe só um padrão de relacionamento, o heteronormativo, que é o homem com a mulher. Existem várias formas de se relacionar e se amar. Então, eu sempre tratei isso com ele diretamente.
Atualmente, ele já está um pouco mais velho, tem 9 anos, e eu já tenho um relacionamento homoafetivo há mais de um ano. Ele sempre lidou com isso com muita naturalidade, porque a gente tem um trabalho dentro de casa para ser algo comum. E é muito importante quando a gente tem crianças, que a gente sempre demonstre respeito, não coloque em uma bolha e finja que outros tipos de relacionamentos não existem.
Acho que essa questão do respeito é muito importante e que seja naturalizado, para que quando nossas crianças crescerem, não se tornem adolescentes e adultos que às vezes acabam tendo preconceitos e sendo homofóbicos.
Entenda a sigla que representa a comunidade:
Lésbica
Dentro do glossário LGBTQIAPN+, o termo “lésbica” é utilizado para definir pessoas do gênero feminino que sentem atração sexual e/ou afetiva por outras pessoas que também são do gênero feminino. Essa identidade sexual descreve a orientação romântica e/ou sexual das mulheres que se relacionam afetivamente com outras mulheres.
Gay
O termo “gay” possui, em seu significado mais essencial, a referência a pessoas que sentem atração sexual ou afetiva por indivíduos do mesmo gênero.
Embora seja frequentemente associado a homens que se relacionam com outros homens, é importante destacar que, ao longo do tempo, também tem sido utilizado para descrever mulheres do gênero feminino, com relações afetivas e sexuais com outras mulheres
Bissexual
O “B” representa a bissexualidade, que é a orientação sexual de indivíduos que se sentem atraídos sexualmente, afetivamente e emocionalmente tanto por pessoas do gênero feminino quanto por pessoas do gênero masculino.
A inclusão do “B” no glossário LGBTQIAPN+ reconhece a diversidade das experiências e identidades sexuais, promovendo a visibilidade e a compreensão das pessoas bissexuais na comunidade.
A diferença fundamental entre as orientações sexuais bissexual e pansexual reside nas características da atração que cada uma envolve.
Embora a palavra “bi” se refira a dois, no contexto da bissexualidade, isso não significa apenas atração pelo gênero feminino e masculino. Pode englobar, por exemplo, atração por homens e mulheres, ou pessoas de gêneros não-binários e mulheres, entre outras combinações possíveis. A bissexualidade reconhece a existência de múltiplos gêneros e a capacidade de se sentir atraído por mais de um deles.
Já uma pessoa pansexual sente atração por pessoas independentemente de seu gênero. A atração é baseada em aspectos como a personalidade, a conexão emocional e a individualidade da pessoa, sem levar em consideração seu gênero. A pansexualidade vai além das categorias de gênero binárias (masculino e feminino) e abraça toda a diversidade de identidades de gênero existentes.
Transgênero
Transexual é um termo que geralmente se refere a pessoas que não se identificam com o gênero atribuído a elas ao nascerem e que sentem uma forte necessidade de fazer uma transição de gênero, tanto social quanto fisicamente. A transição física pode envolver procedimentos médicos, como hormonioterapia ou cirurgia de redesignação sexual, para alinhar seu corpo à sua identidade de gênero.
Vale lembrar, que a transexualidade é uma questão de gênero e não de sexualidade.
Queer
Atualmente, “queer” é usado como uma forma de designar indivíduos que não se enquadram na heterocisnormatividade, que é a imposição social e cultural da heterossexualidade como o padrão único e normativo de orientação sexual, assim como a cisgeneridade como o único padrão de identidade de gênero.
Ao adotar o termo “queer”, a comunidade LGBTQIAPN+ busca afirmar e celebrar a diversidade de identidades e experiências que não se alinham com as normas tradicionais de gênero e sexualidade. É uma forma de desafiar as noções rígidas e restritivas da sociedade, promovendo a inclusão e a visibilidade de todas as pessoas que se identificam como queer.
Intersexual
Corretamente mencionado, o “I” no glossário LGBTQIAPN+ representa o termo “Intersexual”. Essa identidade é atribuída a pessoas que nascem com características biológicas que englobam tanto o gênero feminino quanto o masculino. Essas características podem se manifestar em diferentes formas, como alterações hormonais, cromossômicas, genitais ou anatômicas.
A intersexualidade é uma variação natural da diversidade humana e ocorre em uma porcentagem significativa da população. No entanto, historicamente, essas experiências têm sido medicalizadas e estigmatizadas, levando a procedimentos médicos desnecessários e traumas emocionais.
Agênero
A identidade agênero refere-se a uma ausência de identificação com qualquer gênero específico. É uma expressão de gênero que está além do espectro binário, desvinculada das características e expectativas socialmente atribuídas aos gêneros feminino e masculino.
Ser agênero significa que a pessoa não se sente alinhada com nenhum gênero em particular, podendo experimentar uma falta de conexão com as noções tradicionais de gênero. Cada pessoa agênero pode ter sua própria forma única de vivenciar e expressar sua identidade de gênero.
Assexual
A orientação sexual assexual é caracterizada pela ausência de atração sexual por outras pessoas, independentemente do gênero delas. É importante destacar que a assexualidade abrange um espectro diverso, onde cada indivíduo pode ter experiências e sentimentos únicos em relação à sua atração sexual.
Dentro desse espectro, existem pessoas que se identificam como assexuais estritos, que não sentem atração sexual em nenhuma circunstância, e também pessoas que se identificam como demissexuais. Os demissexuais experimentam a atração sexual somente após o estabelecimento de uma conexão emocional ou íntima com outra pessoa.
É fundamental respeitar e reconhecer a orientação assexual, assim como todas as outras orientações sexuais.
Pansexual
o “P” no glossário LGBTQIAPN+ representa a identidade pansexual. Pessoas pansexuais são aquelas que sentem atração sexual, romântica ou emocional por indivíduos de todas as identidades de gênero, incluindo aquelas que não se enquadram nas categorias tradicionais de masculino ou feminino.
Ao contrário da bissexualidade, que se refere à atração por dois gêneros (geralmente masculino e feminino), a pansexualidade reconhece e abraça a diversidade de identidades de gênero existentes. Para pessoas pansexuais, a atração é baseada na personalidade, nas características individuais e na conexão emocional, independentemente do gênero.
Não-binárie
Essas são pessoas que não se identificam exclusivamente como homem ou mulher e sentem que seu gênero está além ou entre as categorias convencionais de gênero. A identidade não-binária engloba uma ampla variedade de experiências e expressões de gênero, permitindo que cada indivíduo defina sua identidade de maneira única.
Pessoas não-binárias podem adotar diferentes termos para descrever sua identidade de gênero, como gênero fluido, gênero neutro, agênero, entre outros. É importante respeitar e reconhecer a identidade não-binária de cada pessoa, garantindo um ambiente inclusivo e acolhedor.
O “+” no final da sigla LGBTQIAPN+ representa a inclusão de todas as demais orientações sexuais e identidades de gênero que não foram especificamente mencionadas nas letras anteriores.
O símbolo de soma no final da sigla também enfatiza a ideia de que a diversidade não deve ser limitada ou fixada em categorias rígidas, mas sim celebrada em sua constante expansão e fluidez.