Um estudo realizado pela Universidade Federal Fluminense revelou que a desnutrição pode ter efeitos irreversíveis no cérebro das crianças, especialmente quando ocorre nos primeiros anos de vida.
Os sintomas imediatos da fome incluem fraqueza, pressão baixa, tontura, dor no estômago e dor de cabeça. No entanto, seu impacto vai além do aspecto físico. A desnutrição afeta o desenvolvimento cognitivo das crianças, ou seja, sua capacidade de aprender, absorver informações e enfrentar os desafios do dia a dia.
É inadmissível que um país tão rico como o Brasil ainda tenha pessoas passando fome. Essa realidade foi enfatizada pelo neurocientista Claudio Alberto Sefarty, professor da UFF.
O impacto da fome no desenvolvimento cerebral infantil
Segundo o professor Claudio Alberto Sefarty, a infância é um período crítico para o desenvolvimento cerebral, quando as conexões neurais são formadas. A criança aprende a falar, andar e experimentar coisas novas nessa fase. O cérebro infantil é altamente adaptável e estimulável, mas esses estímulos incluem elementos essenciais da alimentação.
A desnutrição afeta a plasticidade neural de forma irreversível, e cada elemento nutricional ausente tem seu próprio impacto seletivo. É preocupante constatar que mais de 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil, segundo dados da Rede Penssan. Além disso, 10 milhões de crianças vivem em situação de pobreza ou extrema pobreza, de acordo com o IBGE.
Essa realidade alarmante deve-se à crise econômica, à pandemia de Covid-19 e à falta de implementação e manutenção de políticas públicas no combate à fome. Para reverter esse quadro, especialistas enfatizam a importância da solidariedade como valor universal.
A luta diária contra a fome
Um exemplo disso é Cristina Santos da Silva, moradora da maior favela de São Paulo, Heliópolis. Ela é mãe solo e enfrenta dificuldades para garantir alimento adequado para seus dois filhos pequenos. Sem rede de apoio e com problemas nos benefícios sociais do governo federal, Cristina conta com a merenda escolar e com distribuições de refeições por uma ONG local para suprir as necessidades básicas das crianças.
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) existe desde 1955 e desempenha um papel fundamental no combate à fome. Além de garantir refeições aos alunos da rede pública, contribui para seu crescimento, desenvolvimento, aprendizagem e rendimento escolar, promovendo hábitos alimentares saudáveis.
A merenda escolar tornou-se um direito dos alunos da rede pública em 1988 e, desde então, tem sido uma importante fonte de alimento para milhares de famílias em situação de vulnerabilidade. A desnutrição é um problema que começa na gestação e pode gerar sequelas físicas e mentais nas crianças.
Diante dessa realidade preocupante, é necessário que a sociedade se mobilize para combater a fome e garantir o desenvolvimento saudável das crianças. Todos nós podemos contribuir para construir um futuro mais justo e igualitário, onde nenhuma criança sofra os impactos devastadores da fome.
Com informações de https://g1.globo.com/saude/noticia/2023/11/26/fome-e-desenvolvimento-infantil-como-desnutricao-na-infancia-pode-causar-danos-irreversiveis.ghtml