O ex-presidente Jair Bolsonaro criou duas linhas de crédito na Caixa Econômica Federal em 2022, destinadas às pessoas de baixa renda, em sua campanha política de reeleição, resultando em um empréstimo de R$10,6 bilhões para 6,8 milhões de pessoas até a eleição. No entanto, Bolsonaro não se reelegeu e agora as contas do banco revelam um calote bilionário deixado para trás.
De acordo com informações exclusivas obtidas pelo UOL, a Caixa foi usada como arma da campanha política de Bolsonaro sem transparência, expondo a instituição a uma situação de risco nunca vista. Em 17 de março de 2022, Bolsonaro e Pedro Guimarães, então presidente da Caixa, assinaram duas medidas provisórias: a primeira criava uma linha de microcrédito chamada SIM Digital destinada àqueles que possuíam nome sujo. Até as eleições deste ano, a Caixa emprestou R$ 3 bilhões nesse programa. Entretanto, muito pouco desse dinheiro foi pago pelos usuários. A inadimplência chega a ser surpreendentes 80% segundo informou a atual presidente do banco. Parte dessa dívida deve ser coberta com os recursos do FGTS.
A segunda linha de crédito criada visava conceder crédito consignado ao Auxílio Brasil. Entre o primeiro e o segundo turno das eleições, a Caixa liberou R$ 7,6 bilhões nessa modalidade de empréstimo. No entanto, o programa é alvo de críticas por reduzir o valor do benefício social para pagar a dívida e mais de 100 mil devedores foram excluídos do Bolsa Família este ano, sem contar que o pagamento das parcelas do crédito pode ser ainda incerto.
A aventura eleitoral também custou à queima de reservas da Caixa. No último trimestre de 2022, o índice de liquidez de curto prazo – um indicador de risco – chegou ao menor nível já registrado pelo banco, catalizando uma situação recorde na história recente. A Caixa se negou a compartilhar informações sobre essa código proprietário confidencial e os números divulgados pelo UOL estavam incorretos mesmo depois deste insistentemente pedir esclarecimentos à empresa.
O que aconteceu? | A Caixa Econômica Federal foi usada como arma da campanha política de Bolsonaro, criando duas linhas de crédito destinadas às pessoas de baixa renda para conquistar votos. |
Quais as consequências? | A Caixa liberou R$ 10,6 bilhões para 6,8 milhões de pessoas até as eleições, mas agora enfrenta um calote bilionário. A inadimplência na linha de microcrédito SIM Digital chega a 80%. A segunda linha de crédito reduziu o valor do benefício social e excluiu mais de 100 mil devedores do Bolsa Família. |
Qual o impacto financeiro? | A aventura eleitoral custou à queima de reservas da Caixa, levando o índice de liquidez de curto prazo ao menor nível já registrado pelo banco. |
Com informações de https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2023/05/29/a-caixa-preta-da-caixa.htm