“Vocês querem guerra total? Vocês querem uma guerra mais total e radical que qualquer coisa que nós poderíamos imaginar hoje?”
Com essas palavras, o ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels, incitava uma “tempestade” popular contra as forças estrangeiras. Os presentes reagiam euforicamente, aplaudindo e saudando Adolf Hitler.
O famoso Discurso de Sportpalast ocorreu em 1943, na segunda metade da Segunda Guerra Mundial, quando as pretensões imperialistas da Alemanha nazista sofreram o impacto da derrota na longa batalha de Stalingrado, cidade Russa que os soviéticos protegeram com todas as suas forças por dois motivos: impedir o avanço dos nazistas a Moscou e defender o nome de Stálin.
Goebbels, então, prometia dor e sofrimento ao povo alemão. Ponderou que encarar adversidades era uma forma de vencê-las e ressaltou que Hitler havia prometido que, ao término da guerra, não haveria derrotados e vitoriosos, mas apenas mortos e sobreviventes. E os aplausos incessantes tomavam conta do lugar, junto com os dizeres: “o Führer lidera, nós seguimos”.
Esse episódio histórico é marcante. Ele retrata uma realidade de difícil, mas de necessária compreensão.
O Discurso de Sportpalast é um exemplo drástico do perigo que há no flerte com o totalitarismo, com as ideologias políticas de forte carga moral e com o nacionalismo exacerbado, que, no Brasil de hoje, vemos aflorar sem timidez.
Não custa lembrar o quão preciosa e frágil é a democracia. Não custa lembrar o papel dos verdadeiros cidadãos de bem em prezar, no meio da sandice e da cegueira, pelas instituições democráticas e pelo Estado de Direito.
Não custa lembrar que Goebbels e sua esposa, ao verem que suas ilusões estavam perdidas, mataram os seis pequenos filhos e, em seguida, tiraram as próprias vidas.