O Festival de Quadrilhas Juninas da Globo em 2023 teve como grande vencedor da etapa regional o Luar do São João, representante do Piauí. O grupo, composto por 152 membros, apresentou o tema “A devota que virou santa”, uma emocionante homenagem à Irmã Dulce, a primeira santa do Brasil, e suas ações benevolentes em prol dos menos favorecidos.
Essa é a segunda vitória do Luar do São João, que também conquistou o festival em 2019. A competição deste ano contou com a participação de dez quadrilhas e ocorreu no domingo, dia 18, no Geraldão, localizado no bairro da Imbiribeira, Zona Sul do Recife.
Grupo Luar do Sertão
Como foi o trabalho realizado pelo grupo durante esse ano?
Ramon Patrese, diretor da Luar do São João:
O tema do nosso grupo, Alto São João, foi a “A devota que virou santa”. Abordamos a devoção de Irmã Dulce a Santo Antônio, o Santo Junino, até ela se tornar a primeira Santa do Brasil. Levamos ao público um tema de fé, emoção e muita alegria, repleto de espírito junino. Com um projeto bem desenvolvido e trabalhado, realizamos mais de 40 ensaios ao longo da temporada, contando com uma equipe ampla de produção, cenários, figurinos, adereços e repertório musical. Essa dedicação nos permitiu conquistar o bicampeonato
Com muita felicidade e orgulho, estou retornando para casa como parte desse grupo do Piauí, agora como campeões do festival da TV Globo. Este ano, conquistamos o bicampeonato, um feito inédito no Piauí. Poucas quadrilhas do Brasil alcançaram esse título de bicampeão. Estamos imensamente felizes com essa conquista, afirma o diretor.
Qual a experiência de se tornarem bicampeões em um campeonato tão importante para os quadrilheiros?
Jonatha Soares, dançarino Luar do São João:
Eu diria que é uma mescla de sentimentos, uma mistura de sensações, de emoções. Primeiramente, sinto uma imensa felicidade por mais uma vez representarmos tão bem o Piauí e trazermos para casa o título máximo, o mais cobiçado de todos, o Globo Nordeste. Também sinto um alívio genuíno, pois essa conquista representa a sensação de missão cumprida, de termos entregue um trabalho muito bem feito e bem trabalhado.
Além disso, sinto um profundo sentimento de superação, pois enfrentamos muitas dificuldades e adversidades ao longo do caminho. Lidamos com o cansaço, às vezes a falta de recursos financeiros, mas conseguimos ultrapassar esses obstáculos com resiliência. Essa sensação de dever cumprido e a superação de todas as dificuldades tornam essa conquista ainda mais gratificante, mais prazerosa de comemorar, finaliza o dançarino.
O que o grupo carrega após essa apresentação e vitória?
Jonatha Soares:
Essa última grande vitória do Luar do São João no Globo Nordeste certamente nos dará um impulso extra para o restante da temporada. Acredito que essa última apresentação será nosso norte, nosso ponto de referência.
Todas as performances terão que estar no mesmo nível, ou até mesmo superar o que apresentamos no Globo Nordeste. Isso se tornará nosso padrão até o final da temporada de 2023.
O grupo participará de outras competições em 2023?
Jonatha Soares:
Temos o Estadual para competir, além do Nacional e o Nordestino, que são dois campeonatos que conquistamos no ano passado. Queremos manter nossa hegemonia, mostrar novamente um trabalho tão excepcional quanto o do ano passado.
Acredito que, a partir dessa vitória no Globo Nordeste, já temos um objetivo a ser alcançado. Espero que tenhamos mais vitórias, mas acima de tudo, espero que seja uma temporada que o público ame verdadeiramente, que se emocione. Essa é a nossa meta principal.
Queremos trazer toda a emoção da história de nossa Santa Dulce, tanto para aqueles que ainda não a conhecem, como para aqueles que já a conhecem e se emocionam ainda mais. Acredito que será uma temporada linda, maravilhosa, tão boa quanto a do ano passado.
O que podemos esperar para o ano de 2024?
Jonatha Soares:
No próximo ano, voltemos com toda a força, representando o Piauí com excelência. Desejo que seja uma temporada repleta de vitórias para o Piauí, não apenas aqui, mas em todo o Brasil. Que possamos representar com orgulho o nosso estado em todas as oportunidades.
Jonatha Soares, quais são as dicas que você tem para os leitores da Meu Piauí, que sonham em participar de grupos de quadrilha?
O primeiro passo é necessário. Você precisa tentar, precisa se adaptar. Não vou mentir, não é fácil. Passamos por muitas coisas além de aprender coreografias e músicas dos Quadrilheiros. Existem vários outros fatores envolvidos. Mas se você realmente desenvolve um gosto por isso, se consegue se adaptar e se apaixonar pelo São João, é o que acontece com a maioria das pessoas. Você se apaixona pela quadrilha junina, se apaixona pelo São João, e não quer mais parar de jeito nenhum.
Então, dê o primeiro passo, participe do primeiro ensaio. Eu recomendo que todos tenham essa experiência pelo menos uma vez na vida. Participe de um campeonato, pesquise sobre o tablado e dance quadrilha, porque é uma sensação maravilhosa, algo único.
Grupos participantes do Festival
Na segunda posição ficou a quadrilha maranhense Flor de Mandacaru, que apresentou o tema “Bumba – amor e liberdade”. Com 170 integrantes, o grupo destacou elementos da cultura popular do Maranhão, encantando o público presente.
A quadrilha pernambucana Lumiar, vencedora da fase estadual do festival, conquistou o terceiro lugar com o tema “A luminosidade de Tieta”. Seus 116 membros trouxeram uma adaptação da obra “Tieta do Agreste”, escrita por Jorge Amado, proporcionando uma apresentação cheia de encanto e brilho.
O quarto lugar foi alcançado pela Companhia Junina da Ilha, da Bahia. Os 150 integrantes do grupo apresentaram o tema “Água abençoada com pimenta”, transportando o público para a atmosfera mágica e exótica da Índia, com suas danças e costumes tradicionais.
Em quinto lugar, ficou a Lume da Fogueira, representante do Rio Grande do Norte, com o tema “O tesouro”. Os 145 integrantes narraram a história de como as mulheres de uma pequena cidade conseguiram colocar os homens “na linha”, oferecendo ao público uma apresentação cheia de humor e talento.
Também participaram da etapa regional do festival as seguintes quadrilhas juninas:
- Babaçú (Ceará), com o tema “Festa – sempre foi São João”, apresentado por 118 integrantes;
- Evolução (Pernambuco), com o tema “Valencianas”, apresentado por 86 integrantes;
- Amanhecer no Sertão (Alagoas), com o tema “Lampejo: a luz da tradição”, apresentado por 120 integrantes;
- Século XX (Sergipe), com o tema “Cortejo intemporal”, apresentado por 122 integrantes;
- Lageiro Seco (Paraíba), com o tema “Juro que vi – histórias do interior”, apresentado por 175 integrantes.
Além disso, foram concedidos os seguintes prêmios:
- Melhor destaque: intérprete de libras da quadrilha Junina Evolução (Pernambuco);
- Melhor casamento: Cia. da Ilha (Bahia);
- Melhor marcador: quadrilha Junina Flor de Mandacaru (Maranhão).